Por Gerson Freitas Jr.
Alcântara Machado dizia que, no Brasil, qualquer palavreado vira literatura. Basta rimar, soar bonito, pomposo. É literatura, e da melhor. Talvez fosse um sintoma do nosso provincianismo ou mesmo efeito do sentimento de grandeza de um país que, ainda na primeira metade do século XX, olhava-se na condição de país de futuro.
Do campo das letras para o da política, muitas décadas e desilusões depois, o Brasil segue transformando literatismos em poesia. Basta ver, por simplório exemplo, o resultado da pesquisa Datafolha do último domingo. Diz o instituto que 48% dos brasileiros avaliam o Governo Lula como bom ou ótimo e apenas 15% o vêem como ruim ou péssimo. Temos que 75% da população aprova – em maior ou menor grau – o governo Lula.
Melhor avaliação sobre o porquê de um resultado tão favorável partiu do próprio presidente. “As coisas no Brasil estão indo, os números da economia estão mais do que satisfatórios”, sentenciou.
E é isso aí… no Brasil, estabilidade e algum crescimento econômico, regra em qualquer país que se preze, transformaram-se em sinônimo de sucesso político, de boa administração pública. Algo a se comemorar e espalhar, pelos quatro cantos do mundo, que “nunca antes na história desse país” se fez o que agora aqui se faz.
Não importam a falta de políticas consistentes para saúde e educação, relegadas ao abandono, os descalabros sociais, os níveis alarmantes de violência, a precariedade da infra-estrutura, o caos aéreo (e terrestre), a corrupção generalizada, os altos impostos, a ineficiência do Estado, a falta de projetos para o País. Nada importa, desde que se tenham inflação baixinha e crescimento econômico moderado.
Quem conseguir isso, e apenas isso, terá a aprovação dos brasileiros para que continue escrevendo a história do País. E, não importa o que esteja escrito, será literatura, e da melhor.
1 Comentário so far
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QUERIDO GERSON!
Como é bom saber que exitem pessoas que acreditam em revoluções por meio da LITERATURA.
Na Jornada,
Levi Araújo
Comentário por LEVI ARAÚJO 13 agosto, 2007 @ 5:01 pm